XIV Congresso de Cirurgia Veterinária e IV Congresso Internacional do CBCV

Dados do Trabalho


Título

ARTRODESE DE JOELHO BILATERAL EM SAUIM-DE-COLEIRA (SAGUINUS BICOLOR)

Resumo para avaliação

Traumas ortopédicos graves, apesar de incomuns, podem afetar primatas não-humanos (PNH) mantidos em cativeiro e exigir intervenção cirúrgica. Porém, técnicas ortopédicas em PNH não são descritas frequentemente. As artrodeses rádio-cárpica e tíbio-társica são mais comumente realizadas em animais de companhia, porém a de joelho é infrequente e gera muitas limitações de mobilidade. Já na literatura médica humana, os relatos de artrodese de joelho são comuns e novas técnicas surgem continuamente. O presente trabalho relata um caso de artrodese de joelho bilateral em um sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), macho, 450 g de massa corporal, com histórico de automutilação severa em cativeiro. O animal apresentava comprometimento bilateral das articulações femorotibiopatelares, com destruição da cápsula articular, exposição e dano das extremidades distal do fêmur e proximal da tíbia, além de ausência de patela. Após manejo clínico, foi realizada artrodese bilateral, em dois tempos cirúrgicos, com placa de titânio de baixo contato, sistema 1,5/2 mm, moldada em twist de forma que a porção proximal da placa ficou posicionada na face cranial do fêmur e a porção distal na face medial da tíbia. As placas foram fixadas com seis parafusos bloqueados 2,0 mm, três no fêmur e três na tíbia. O paciente permaneceu com bandagem de proteção na região e recebeu tratamento medicamentoso para transtorno de comportamento e dor crônica, visando evitar a recorrência da automutilação. Como complicações, houve deiscência de pontos, secreção purulenta e exposição parcial das placas. Após tratamento clínico foram realizadas reintervenções cirúrgicas visando o debridamento e fechamento das feridas. Após total cicatrização da pele, união óssea e uso dos membros para apoio e locomoção dentro da gaiola, foi realizada a remoção dos implantes, novamente em dois tempos cirúrgicos distintos. O animal apresentou adequada recuperação e retornou ao mantenedor da fauna. A escolha pela técnica de artrodese depende de fatores como espécie, afecção inicial, procedimentos prévios, potenciais complicações, tempo e complexidade cirúrgicos, período de recuperação e custos. No paciente deste relato, a realização da artrodese se justificou devido à crítica ameaça de extinção da espécie e importância para conservação deste indivíduo como potencial reprodutor. Não foram encontrados relatos de artrodese terapêutica em nenhuma espécie de PNH, e nesse contexto, o presente trabalho demonstrou a viabilidade do procedimento, mesmo em um espécime de pequeno porte. Conclui-se que o manejo clínico e a artrodese de joelho bilateral foi efetiva e permitiu o uso funcional dos membros.

Palavras-chave

primata não-humano, ortopedia, placa bloqueada, automutilação.

Área

Cirurgia de Silvestres

Instituições

UFRGS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Daniela Nicknich, Lívia Eichenberg Surita, EDUARDO ALMEIDA RUIVO DOS SANTOS, ROBERTA PICOLI, MOIRA ANSOLCH, ROBERTO BAGATINI MORAES, INACIO BERNHARDT ROVARIS, LUCAS ANTONIO HEINEN SCHUSTER, ANDERSON LUIZ CARVALHO, MARCELO MELLER ALIEVI