XV Congresso de Cirurgia do CBCV e V Congresso Internacional do CBCV - Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária

Dados do Trabalho


Título

Colostomia como técnica de desvio gastrointestinal em canino com neoplasia obstrutiva

Resumo para avaliação

O carcinoma do saco anal é uma neoplasia infrequente em cães, tem origem nas glândulas apócrinas localizadas no interior do saco anal, acometendo geralmente cães adultos a idosos. Correspondendo a 2% das neoplasias cutâneas em cães, apresenta comportamento maligno, sendo localmente invasivo e altamente metastático.¹ Entre os sinais clínicos característicos da neoplasia das glândulas apócrinas estão a disquesia, tenesmo e a constipação intestinal, visto que o tumor pode causar compressão retal.² O diagnóstico da neoplasia é realizado através do conjunto de informações clínicas, exames de imagem, citológicos e histológicos. O tratamento consiste na excisão cirúrgica associada à quimioterapia ou radioterapia, apresentando prognóstico reservado. O presente trabalho objetiva relatar o caso de um canino de 9 anos, macho, castrado, da raça bichon frisé que foi atendido em um hospital veterinário em São Paulo com queixa de disquesia, abdominalgia, perda de peso progressiva e hiporexia. No exame físico, presença de estrutura firme em região de ânus, à esquerda. Aumento de linfonodo inguinal esquerdo e formação perianal visualizados em ultrassonografia abdominal, realizada citologia tendo como resultado a suspeita de carcinoma de saco anal e metástase massiva em gânglio linfoide. Realizada tomografia para planejamento cirúrgico e avaliou-se que a lesão não seria passível de exérese devido a sua extensa dimensão e comprometimento de estruturas adjacentes, portanto foi optado por realizar o desvio do percurso fecal através da técnica cirúrgica de colostomia terminal com acesso à cavidade abdominal pelo flanco esquerdo. Com o paciente em decúbito dorsal, foi realizada celiotomia, isolado e seccionado o cólon descendente. A extremidade distal do cólon foi fechada em sutura simples separada. Em flanco esquerdo, foi realizada uma incisão e sutura mucocutânea da porção proximal com Nylon 3-0 padrão simples interrompido, promovendo eversão da borda da mucosa intestinal. No transoperatório, foi coletada biópsia incisional da neoformação. Não foi utilizada bolsa coletora, apenas higienizações e curativos diários. O laudo histopatológico concluiu a suspeita sugerida em citologia. O paciente foi encaminhado para sessões de radioterapia. Houve uma sobrevida de 12 meses. Conclui-se com esse relato que, apesar de a colostomia não ser um procedimento realizado com frequência na Medicina Veterinária devido às possíveis complicações (potencial de infecção, deiscência de sutura) e dificuldades de manejo no pós-operatório, pode ser considerada para pacientes em situação de obstrução intestinal, promovendo aumento da sobrevida com qualidade de vida.

Palavras Chave

colostomia; oncologia; cirurgia; neoplasia obstutiva; carcinoma de saco anal

Área

Cirurgia

Autores

Beatriz de Liz Lopes, Renata Portela Almeida Duarte