XIV Congresso de Cirurgia Veterinária e IV Congresso Internacional do CBCV

Dados do Trabalho


Título

TECNICA MODIFICADA DE TRANSPOSIÇAO E ANASTOMOSE URETRAL PRE-PUBICA EM CAO MACHO COM EXTENSA ESTENOSE DE URETRA PELVICA

Resumo para avaliação

As lesões do trato urinário em cães estão relacionadas a traumas pélvicos, contudo, a ruptura da uretra membranosa é pouco comum devido a conformação anatômica protegê-la. A ressecção uretral e anastomose podem ser limitadas pelo comprimento do tecido disponível e são acompanhados pelo risco de estenose. Na medicina veterinária, verifica-se escassa referência acerca do reparo uretral de defeitos longos, principalmente em cães acometidos por lesões intrapélvicas extensas e o tratamento usual é a uretrostomia pré-pubica, procedimento relacionado a diversas complicações. Diante disso, o vigente trabalho tem por objetivo descrever uma modificação da técnica cirúrgica de transposição e anastomose uretral pré-púbica. Foi atendido no HOVET-UFLA, um cão, macho não castrado, adulto, Yorkshire terrier, 5,5 kg de peso corporal, com histórico de trauma veicular. O paciente apresentava abdominalgia, crepitação e hematomas em região de pelve. Após avaliação clínica e estabilização, o animal foi direcionado para o setor de diagnóstico por imagem. Os exames radiográfico e ultrassonográfico confirmaram, respectivamente, múltiplas fraturas de pelve e presença de líquido livre abdominal, dessa forma, foi preconizada a realização da uretrocistografia retrógrada com contraste positivo (URCP) que evidenciou ruptura uretral em porção membranosa, incluindo parte da próstata caudal. Em uma primeira correção cirúrgica foram realizadas cistostomia temporária e uretrorrafia. Com o insucesso da terapia instituída observou-se vasta estenose da uretra intrapélvica, com isso, foi eleita nova estratégia, a transposição e anastomose uretral pré-púbica modificada. A técnica consistiu na realização da orquiectomia, seguida de celiotomia retroumbilical, secção transversa do pênis 1,5 centímetros caudal ao osso peniano e transposição deste em direção a cavidade abdominal fazendo-se a anastomose à bexiga e prostatectomia parcial. A sonda uretral precocemente disposta na uretra peniana, foi introduzida na uretra peniana até alcançar a bexiga, e a anastomose uretrovesical foi realizada com fio polidioxanona 6-0 por meio de pontos isolados, de modo que a sutura não atingisse o lúmen do órgão, até completa aposição das margens. A celiorrafia foi realizada conforme preconizado pela literatura. Foram prescritos anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos e a manutenção do cateter vesical por 14 dias. A URCP foi realizada após a retirada da sonda demonstrando sucesso do procedimento empregado. Concluiu-se, até o momento, que a técnica é viável em cães e confere um novo trajeto uretral para restituir o fluxo urinário, proporcionando qualidade de vida e mantendo a conformação fisiológica e anatômica externa próxima ao normal.

Palavras-chave

estenose uretral, cão, uretrocistografia, transposição, anastomose

Área

Cirurgia Geral

Instituições

Universidade Federal de Lavras - Minas Gerais - Brasil

Autores

Rogério Magno Vale Barroso, Victória Franciscani Coimbra, Luana Aparecida Pereira Gomes, Lidiane Garcia, Daniela Fernandes Souza