Dados do Trabalho
Título
JEJUNOCECOSTOMIA E SUAS COMPLICAÇOES: RELATO DE CASO
Resumo para avaliação
As afecções do trato gastrointestinal (TGI) equino representam uma das principais patologias da hipiatria, visto que esses animais possuem características anatômicas e fisiológicas que os predispõem a alterações graves, como abdômen agudo e cólica equina (PEIRÓ & MENDES, 2004). Um dos procedimentos utilizados como tratamento cirúrgico dessas afecções é a Jejunocecostomia (JC), que consiste na anastomose entre jejuno e ceco visando a progressão da ingesta no intestino delgado. Essa técnica é realizada quando não é possível a Enteroanastomose Jejunoileal (JI) (FREEMAN, D. E, 2015), porém pode gerar complicações principalmente pela alteração da válvula ileocecal (VI).
Este trabalho objetiva descrever a Jejunocecostomia realizada em equino, avaliando benefícios e possíveis complicações decorrentes da intervenção cirúrgica.
Uma égua de 5 anos de idade foi atendida no Hospital Veterinário da UFMG, apresentando desconforto abdominal agudo e não responsiva a analgesia, histórico de 10 cólicas recorrentes e procedimento de laparotomia exploratória feito há 3 anos. Optou-se pela relaparotomia. Durante o procedimento, haviam áreas com aderência e compactação da cirurgia anterior, além de locais de isquemia na serosa do jejuno e do íleo. Por isso, foi realizada a enterectomia do delgado, retirando 3,57m. Em seguida a JC, que consistiu na sutura do jejuno, de forma dorso medial do ceco, por meio da sutura simples e invaginante nas duas bordas. Em seguida, houve passagem do fio na face interna entre ceco e jejuno para promover abertura do estroma e, por fim, tração do fio para criar abertura entre as alças e evitar contaminação. No pós-operatório, a égua apresentou refluxo enterogástrico (4L/hora), cessado após quatro dias, e íleo adnâmico, solucionado espontaneamente. Além de hipertermia e diarreia, sugerindo um quadro de colite, tratada eficientemente com probiótico. Esse animal obteve alta três meses depois, apresentando-se clinicamente estável com completa cicatrização da ferida. Apesar da alta com melhora clínica a sobrevida foi a curto prazo e o animal veio a óbito um ano depois. Isso pode ocorrer pois a VI controla a passagem do conteúdo do ceco para jejuno e com a perda da sua condição anatomofisiológica existe maior chance de refluxo entre esses segmentos, alterando pH e microbiota, podendo culminar em obstrução funcional (FREEMAN, D. E, 2015).
Conclui-se que a JC é uma cirurgia com complicações, devido principalmente a alteração na VI, porém possui alta taxa de sobrevida a curto prazo e é ideal para enterectomias com lesão extensa em intestino delgado e íleo.
Palavras-chave
equino; jejuno; enterectomia
Área
Cirurgia de Equinos
Instituições
Universidade Federal De Minas Gerais (UFMG) - Minas Gerais - Brasil
Autores
Débora Barcelos Paula Pacheco, Beatriz Andrade Pungirum, Pedro Machado Fátima, Matheus Camilo Vicente Santos, Diego Duarte Varela, Lara Nunes Sousa, Santiago Jaramillo Colorado, Antônio Catunda Pinho Neto, Andressa Batista da Silveira Xavier