Dados do Trabalho
Título
TRANSPOSIÇAO DO MUSCULO SEMITENDINOSO PARA RECONSTRUÇAO DO DIAFRAGMA PELVICO APOS VULVOVAGINECTOMIA
Resumo para avaliação
A transposição do músculo semitendinoso é empregada no tratamento cirúrgico de hérnias perineais ventrais ou recidivantes. A técnica consiste na dissecção e secção do músculo, podendo deste ser utilizado o comprimento total ou parcial, uni ou bilateralmente. Objetivou-se com este relato descrever a utilização deste retalho muscular na correção de defeito no diafragma pélvico acarretado por vulvovaginectomia devido a neoplasia vaginal. A paciente, da raça Pinscher, 14 anos de idade e castrada em ocasião não relacionada à neoplasia, apresentava aumento de volume em região perineal e tenesmo progressivo, com evolução de dois meses. Para o planejamento cirúrgico, foi solicitada tomografia computadorizada, evidenciando formação vaginal com deslocamento e compressão de uretra, bexiga, reto e cólon. Com o animal em decúbito dorsal, foi realizada uma episiotomia transversal. Simultaneamente, outra equipe realizou acesso retroumbilical e determinou extensão da neoplasia até a topografia de coto uterino e com envolvimento total de uretra pélvica, sendo necessária associação a uretrostomia pré-púbica. Após ligadura da uretra na porção proximal, uma equipe procedeu à uretrostomia e outra à remoção da neoplasia. Esta apresentava contato dorsal com reto, porém durante o procedimento não foi observado comprometimento e a neoplasia foi dissecada sem complicações. Após excisão completa, fora observada atrofia da musculatura do diafragma pélvico bilateralmente, supostamente causada por compressão da neoplasia. No insucesso de união primária dos músculos, foi associada a transposição do músculo semitendinoso direito, suturando este aos músculos esfíncter anal externo, coccígeo e elevador do ânus e ao ligamento sacrotuberoso, de ambos os lados. O músculo foi dissecado em sua totalidade dada a extensão do defeito. Ademais, a colopexia foi associada para evitar deslocamento do órgão e consequente falha do retalho. Sete dias após o procedimento, houve deiscência da ferida cutânea na região doadora devido a falha no manejo pós-cirúrgico; as demais regiões permaneceram íntegras. Após 30 dias a paciente não apresentava aumento de volume na região, sendo a integridade da musculatura confirmada por ultrassonografia, tampouco apresentou dificuldade deambulatória. O exame histopatológico apontou leiomiossarcoma bem diferenciado (grau I). Conclui-se que o retalho do músculo semitendinoso é eficaz na correção de defeitos no diafragma pélvico causados pela compressão de neoplasias vaginais. A limitação do presente relato compreende o fato de que a paciente em estudo apresentava envolvimento de uretra pélvica, demandando uretrostomia pré-púbica e, assim, tornando-se necessária avaliação em futuros trabalhos a aplicabilidade da técnica em pacientes em que a uretrostomia perineal esteja indicada.
Palavras-chave
Cirurgia reconstrutiva; neoplasia; retalho muscular
Área
Cirurgia Reconstrutiva
Instituições
Anclivepa-SP - São Paulo - Brasil
Autores
Beatriz Jorge Rangel Barbosa, Rodrigo Camargo Miranda, Camila Mika Iashima