Dados do Trabalho
Título
CIRURGIA RECONSTRUTIVA DE REGIAO FRONTAL DA CABEÇA EM BUGIO-RUIVO (ALOUATTA GUARIBA CLAMITANS): RELATO DE CASO
Resumo para avaliação
Estudos sobre a correção cirúrgica de grandes defeitos de pele em primatas não humanos são escassos, o que exige mais descrições de técnicas reconstrutivas que contribuam para a reabilitação desses animais. O presente relato descreve o caso de um bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), fêmea, adulta, com histórico de atropelamento, que foi submetido a diferentes técnicas de plastia para correção de lesão ulcerativa, de aproximadamente 7 cm, com exposição óssea na região frontal da cabeça (calvária). Inicialmente foi realizado um retalho de padrão axial baseado na artéria temporal superficial, deixando a área doadora aberta para granulação por segunda intenção. Devido à tensão criada nas pálpebras superiores durante a dermorrafia do retalho, houve déficit de oclusão ocular bilateral e consequente úlcera de córnea bilateral. Para isto, foi feito tratamento sintomático com soluções oftálmicas antimicrobianas e lubrificantes. Dessa forma, após 120 dias, foi realizada nova intervenção cirúrgica para o relaxamento das pálpebras superiores (técnica de Fricke modificada), correção da má-oclusão palpebral (cantotomia) e fechamento da ferida aberta na região parietal (plastia V-Y). Noventa dias após, foi necessário novo procedimento de cantotomia para reparar a tensão na pálpebra direita. Transcorridos trinta dias, foi observada recuperação do relaxamento das pálpebras e o animal encaminhado para um mantenedouro de fauna. Em determinadas situações, procedimentos reconstrutivos de cabeça requerem mais de uma intervenção cirúrgica para a resolução do problema, como observado em pacientes humanos e no paciente deste relato. Em procedimentos de reconstrução facial podem ocorrer complicações pós-operatórias, como o tensionamento excessivo da pele observado nesta paciente. Utilizou-se uma modificação da técnica de Fricke, na qual optou-se por mover uma porção de pele em formato de V alongado, que se estendia da região zigomática até a região caudal localizada entre os ossos parietal e temporal. O retalho foi suturado no espaço criado acima das pálpebras e, dessa forma, foi possível aliviar a tensão criada no procedimento cirúrgico anterior. Além dessa técnica, associou-se ao segundo procedimento uma plastia em V-Y para o fechamento da ferida da região parietal, já que essa técnica é conhecida por permitir o alongamento e alívio da tensão da pele, tanto em humanos como em cães e gatos. A reconstrução facial apresentada necessitou sequenciamento de técnicas e associação de retalhos. Apesar das complicações pós-cirúrgicas, elas foram corrigidas e a ferida ocluída, proporcionando adequada qualidade de vida ao paciente.
Palavras-chave
: primatas não humanos; retalho facial de padrão axial; técnicas de plastia
Área
Cirurgia de Silvestres
Instituições
PRESERVAS UFRGS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
LIVIA EICHENBERG SURITA, GERMANO FILIPE GRINGS, EDUARDO ALMEIDA RUIVO DOS SANTOS, DANIELA NICKNICH, BARBARA WARTCHOW, MARCELA TORIKACHVILI, CIRO PAZ PORTINHO, CRISTIANO GOMES, MARCELO MELLER ALIEVI