Dados do Trabalho
Título
OSTEOSSINTESE DE CORACOIDE EM MURUCUTUTU-DE-BARRIGA-AMARELA (PULSATRIX KOENISWALDIANA): RELATO DE CASO
Resumo para avaliação
Fraturas de coracoide são comuns em aves silvestres, geralmente causadas por colisões. Os animais acometidos são incapazes de voar ou voam curtas distâncias com pouca elevação. Em aves com mais de 300 g, a estabilização cirúrgica é possível por meio de pinos intramedulares ou placas metálicas. Em aves menores, a imobilização com bandagem da asa junto ao corpo pode resultar em consolidação adequada. O presente trabalho descreve a osteossíntese de coracoide em uma coruja murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix Koeniswaldiana) de vida livre, sexo indeterminado, 526 g de massa corporal, com histórico de incapacidade de voo e asa direita caída. Após exame radiográfico foi identificada fratura diafisária em coracoide direito. Após estabilização do animal e exames hematológicos, optou-se pela correção cirúrgica da fratura. O acesso foi realizado através de incisão de pele sobre a clavícula direita ao longo da borda lateral da quilha e divulsão dos músculos peitorais para exposição do coracoide. Após redução anatômica da fratura, foi aplicada uma placa de titânio bloqueada em Y (Aldrivet®) sistema 1,5 mm fixada com quatro parafusos, sendo dois no fragmento distal e dois no fragmento proximal. A musculatura e a pele foram suturadas com pontos isolados simples e a asa direita foi imobilizada junto ao corpo com uma bandagem “asa-corpo” por três dias. O animal permaneceu em gaiola com restrição de espaço por 15 dias e, após controle radiográfico, permaneceu em recinto maior para treino de voo por 90 dias. Após confirmação radiográfica da consolidação da fratura e com adequada qualidade de voo, a coruja foi solta próxima ao local de resgate. O prognóstico para o voo em aves com fraturas de coracoide severamente deslocadas, como neste caso, é reservado. A função do ombro das aves em voo é uma interação complexa de forças. Os coracoides são ossos de sustentação que vão do ombro à quilha, cuja função é resistir às forças compressivas da contração do músculo peitoral. As fraturas neste osso frequentemente são diafisárias e ocasionadas por colisões frontais. A estabilização cirúrgica com placa foi realizada por ser uma técnica que oferece redução anatômica mais precisa e mínima formação de calo ósseo, proporcionando melhor estabilidade e maiores chances de retorno precoce à função. Além disso, também evita complicações potenciais associadas ao avanço de pinos intramedulares na cavidade celomática e danos à articulação do ombro. Assim, a osteossíntese de coracoide com placa bloqueada foi eficaz neste caso para reabilitação e soltura do animal.
Palavras-chave
aves silvestres; ortopedia; fratura de coracoide
Área
Cirurgia de Silvestres
Instituições
PRESERVAS UFRGS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
JACQUELINE MEYER, LIVIA EICHENBERG SURITA, VICTORIA REGINA SCHMIDT, LUCIANA BRANQUINHO QUEIROGA, ANDERSON LUIZ CARVALHO, MARCELO MELLER ALIEVI