Dados do Trabalho
Título
USO DE PLACAS ORTOGONAIS BLOQUEADAS EM NAO-UNIAO ABERTA EM TIBIA CANINA
Resumo para avaliação
O tratamento de fratura exposta (FE) e não-união assemelham-se na promoção de ambiente biológico (desbridamento tecidual, controle de infecção, mínimo de agressão aos tecidos) e mecânico (fixação rígida e duradoura) favoráveis, objetivando retorno precoce à função do membro. Tradicionalmente, para tratamento de FE preconiza-se a utilização de fixador esquelético externo, devido às suas vantagens biológicas. Contudo, desvantagens mecânicas existem quando a estabilidade é exigida por períodos prolongados, além de curativos diários. Há contraindicação do uso de placas e parafusos devido à facilidade de persistência de biofilme bacteriano. Nesse interim, objetiva-se descrever o uso bem-sucedido de placas ortogonais bloqueadas associadas à enxerto ósseo esponjoso autógeno (EOEA) no tratamento de não-união aberta grau II em canino. Foi atendido paciente de 9,5 kg, 11 anos, Poodle, com histórico de atropelamento e fratura da tíbia há 100 dias, tratada com bandagem. O cão apresentava exposição óssea do foco de fratura há sete dias. Ao exame radiográfico notou-se fratura completa diafisária em cunha da tíbia direita com evidências de não-união óssea. Devido às restrições financeiras do tutor, não foi realizada cultura e antibiograma da ferida e o paciente recebeu antibioticoterapia empírica por dois dias (metronidazol e cefalotina BID/IV), lavagem copiosa e abundante com solução fisiológica QID do local de ferida aberta, seguidos por imobilização com tala e analgesia multimodal. Como tratamento definitivo, foi instituído desbridamento dos tecidos moles necrosados, ostectomia dos bordos da fratura, que aparentavam-se isquêmicos, abertura do canal medular com pino intramedular, redução e estabilização da fratura através de duas placas e parafusos bloqueados, respectivamente, nas faces medial (sistema 2.0 mm) e cranial (sistema 1.5 mm) da tíbia. Em ato contínuo, foi coletado enxerto ósseo esponjoso da asa do ílio e aplicado no foco da fratura. No pós-operatório, foi prescrita analgesia multimodal e manutenção da antibioticoterapia realizada no pré-operatório durante 14 dias. O paciente deambulou com o membro operado 24 horas após o ato cirúrgico, apresentando recuperação funcional do membro de forma precoce. Após 14 dias do procedimento, o paciente deambulava sem claudicação e sem intercorrências. A consolidação óssea foi detectada no exame radiográfico após 17 semanas, sem sinais de infecção, quando se procedeu a retirada das placas. Assim, a associação do manejo local da ferida, estabilização com placas ortogonais bloqueadas e EOEA permitiram estabilidade adequada e controle da infecção no caso, promovendo aportes mecânico e biológico suficientes para a consolidação óssea e retorno precoce da função do membro.
Palavras-chave
Consolidação Óssea. Complicação de fratura. Duas Placas.
Área
Ortopedia
Instituições
Universidade Federal do Pampa - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Endreo Alan Pail dos Santos, Maria Eduarda Rodrigues Costa, Luiza Pitta Pinheiro Collares, Maria Ligia de Arruda Mestieri