XIV Congresso de Cirurgia Veterinária e IV Congresso Internacional do CBCV

Dados do Trabalho


Título

PARALISIA DE LARINGE UNILATERAL ESQUERDA POS INTUBAÇAO EM CAO BRAQUICEFALICO: RELATO DE CASO

Resumo para avaliação

Um cão da raça Pug, macho, de 8 anos de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná foi submetido a um procedimento cirúrgico oftálmico sob intubação. Após 30 dias retornou ao hospital em atendimento de emergência devido à angústia respiratória, queixa de afonia, roncos mais intensos e frequentes com início uma semana após a intubação. Posterior à estabilização do quadro, o animal foi submetido à laringoscopia direta sob anestesia ambulatorial leve para avaliação de vias aéreas superiores, onde foi possível constatar prolongamento de palato mole, colapso laríngeo grau II e paralisia de laringe unilateral esquerda. Neste momento, os tutores optaram pela não correção cirúrgica. Duas semanas após a alta, o mesmo retornou ao hospital em crise respiratória severa, sendo necessária a realização de traqueostomia temporária e monitoramento intensivo. Três dias após estabilização, foi submetido à estafilectomia, rinoplastia e saculectomia laríngea, constatando novamente o quadro de colapso laríngeo de segundo grau e paralisia laríngea unilateral esquerda. Acredita-se que a ocorrência da paralisia laríngea neste relato se dá de forma iatrogênica a uma lesão ao nervo laríngeo recorrente secundário à intubação orotraqueal. O procedimento oftálmico associado necessita de posicionamento específico, onde o paciente é manipulado intubado até a obtenção do posicionamento correto. O mesmo pode ocorrer no transcirúrgico onde o animal pode permanecer com o pescoço levemente flexionado. Durante a manipulação com o paciente intubado pode ter ocorrido um deslocamento do traqueotubo e, por consequência, lesão laríngea. Ainda como outras possibilidades de lesão está a introdução do traqueotubo de forma agressiva e pressão exacerbada utilizada para inflar o cuff. Após dois dias internado, o tubo de traqueostomia temporária foi retirado, recebendo alta sob orientações de tratamento clínico e manejo para paralisia laríngea unilateral. O animal veio a óbito duas semanas posterior à alta após um quadro de êmese seguido de angústia respiratória. Suspeita-se de um quadro de broncoaspiração, sendo tal complicação bastante frequente nos casos de paralisia laríngea. Conclui-se que a intubação orotraqueal apesar de ser um procedimento de rotina e de baixa complexidade está susceptível a complicações. O uso de ferramentas como seringas barométricas e cufometros para mensurar a pressão utilizada no cuff são indicadas para redução dos riscos de lesão. Conclui-se ainda que a manipulação do paciente intubado e a introdução do traqueotubo devam ocorrer de maneira sutil. A ocorrência de paralisia de laringe em cães após intubação é rara e pouco descrita.

Palavras-chave

Cirurgia de Via aérea Superior, Colapso Laríngeo, Emergência, Nervo Laríngeo Recorrente.

Área

Respiratório Superior

Instituições

UFPR - Paraná - Brasil

Autores

Jessica Martinelli Victorino, Petra Cavalcanti Germano, João Thiago Bastos, Taina Pacheco, Isadora Scherer, Cecilia Dallagnol, Wesley Junior De Oliveira, Farah De Andrade, Roberta Carareto