XIV Congresso de Cirurgia Veterinária e IV Congresso Internacional do CBCV

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO MULTIMODAL DE CARCINOMA UROTELIAL COM IMPLANTAÇAO CUTANEA EM PAREDE ABDOMINAL EM CAO: RELATO DE CASO.

Resumo para avaliação

O carcinoma urotelial (CUT) de bexiga é a neoplasia mais comum do trato urinário canino, sendo 2% de todos tumores malignos nessa espécie. Diante da natureza esfoliativa do CUT, a disseminação neoplásica e consequente implantação em parede abdominal é uma complicação relatada na literatura, sendo sua causa atribuída a manipulação tumoral e/ou punções percutâneas. Este relato objetiva descrever o tratamento multimodal de um cão com CUT primário em bexiga com posterior implantação tumoral em parede abdominal. Apresentou-se ao atendimento oncológico do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” (UNESP – Jaboticabal) uma cadela, Fox Paulistinha, de 11 anos, com histórico de cistotomia para ressecção parcial de tumor em trígono vesical, com diagnóstico histopatológico de carcinoma urotelial de alto grau. Diante disso, foi implementado protocolo quimioterápico com carboplatina (250 mg/m2) e gencitabina (400 mg/m2). Após 90 dias foi detectado nódulo em região abdominal ventral caudal, firme, aderido, eritematoso, dolorido, de evolução súbita e resultado citológico inconclusivo. Foi optado pela ressecção cirúrgica do tumor associado a eletroquimioterapia (EQT) em leito. Realizada incisão elíptica estendendo-se da região púbica até cranial as mamas abdominais caudais, compreendendo também as mamas inguinais, seguida de divulsão do tecido subcutâneo, localização e ligadura das artérias epigástricas caudais superficiais. Posteriormente foi dissecado o tumor que estava aderido ao músculo reto abdominal e oblíquo externo, na porção caudal da cicatriz da primeira cirurgia. O protocolo de EQT consistiu na administração endovenosa de carboplatina (250mg/m2) vinte minutos antes da ressecção do tumor, e após, aplicados em leito cirúrgico oito pulsos quadrados com voltagem de 1000 volts por centímetro (V/cm), de frequência de 1 Hz e com duração de 100 µs cada aplicação. Foi utilizado o eletroporador (LC BK - 100) com 6 agulhas de eletrodos dispostos em filas. Após a EQT em leito cirúrgico, foi aproximado e suturado o tecido subcutâneo em padrão simples isolado com fio poliglecaprone 25 3-0, e para dermorrafia foi utilizado padrão simples isolado com fio nylon 3-0. O laudo histopatológico, confirmou a implantação de carcinoma urotelial na parede abdominal. Apesar da ocorrência de implantação tumoral conferir um pior prognóstico aos cães afetados, a paciente continua em tratamento de imunoterapia associada a quimioterapia, sem recidiva local e apresentando doença estável há 6 meses. Ressaltando-se a importância da manipulação cautelosa da bexiga no transcirúrgico, a fim de minimizar a ocorrência de implantação tumoral em outros tecidos, assim como diagnóstico precoce e tratamento cirúrgico para o controle local efetivo.

Palavras-chave

urotelial, implantação, carcinoma, bexiga.

Área

Oncologia

Instituições

UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

Noelia Talavera, Laís Linhares, Milena Magrin, Andrigo Barboza De Nardi