Dados do Trabalho
Título
Corpo estranho penetrante em conjuntiva bulbar de cão. Relato de caso
Resumo para avaliação
Corpos estranhos intraoculares ou perioculares são relativamente frequentes na rotina oftalmológica veterinária. Os corpos estranhos podem penetrar tanto na superfície ocular, causando perfurações graves, quanto na esclera, se alojando no segmento posterior do olho, levando a casos de uveíte e glaucoma secundário, como também na região retrobulbar, podendo evoluir para abscessos retrobulbares. Relata-se o caso de corpo estranho peribulbar em um cão fêmea de 2 anos de idade com histórico de secreção ocular purulenta unilateral há 21 dias, após trauma. Paciente estava sob tratamento medicamentoso, mas sem resposta efetiva. No exame oftalmológico, observaram-se secreção purulenta em olho direito, hiperemia, quemose, protrusão de terceira pálpebra, miose responsiva e humor aquoso turvo. Além de solução de continuidade profunda em conjuntiva palpebral com presença de fragmentos de corpo estranho. O olho esquerdo não apresentava alterações oftalmológicas. Foi coletado com Swab estéril, material do fórnice conjuntival superior direito para cultura e antibiograma e solicitada tomografia computadorizada de crânio. Na cultura e antibiograma, houve crescimento de Moraxella spp. Na tomografia computadorizada de crânio, visibilizou-se, de permeio ao músculo temporal direito, estrutura retilínea e heterogênea, medindo 6,7 cm de comprimento e 0,45 cm de diâmetro em íntimo contato com bulbo ocular direito. Após aplicação de contraste, notou-se área de atenuação ao redor da estrutura delimitada por halo irregular. Além de aumento de linfonodo retrofaríngeo medial direito, com aproximadamente 1,0 cm de espessura. Achados compatíveis com corpo estranho, provavelmente pedaço de madeira ou galho. Paciente foi submetido à anestesia inalatória e realizado procedimento cirúrgico para retirada do corpo estranho. Cantotomia lateral direita foi necessária para localização do ponto principal da solução de continuidade, do qual foi retirado, com auxílio de uma pinça hemostática Kelly, fragmento de madeira. O fórnice conjuntival foi lavado com solução fisiológica estéril e realizada cantorrafia lateral com fio nylon 4-0. O cão foi reavaliado no 7º dia após procedimento cirúrgico, apresentando reflexos de ameaça e pupilares, discreta quemose conjuntival, ausência de secreção e de hiperemia ocular. Pressão intraocular de 18 mmHg e fluoresceína negativa. Olho esquerdo sem alterações oftalmológicas. Paciente foi reavaliado no 15º dia após procedimento, sem nenhum sinal oftalmológico. A anamnese, o exame oftalmológico e a tomografia computadorizada de crânio permitiram um diagnóstico definitivo, a localização e extensão exatas do corpo estranho. O tratamento cirúrgico foi imprescindível para resolução do quadro, preservação do bulbo ocular e da visão da paciente.
Palavras-chave
trauma, ocular, canino, corpo, estranho
Área
Oftalmologia
Instituições
Anclivepa - SP - São Paulo - Brasil
Autores
Vivian Lima de Souza, Jéssica Corrêa Rodrigues, Cintia Aparecida Lopes Godoy-Esteves, Bruna Mara Dorighelo