11º Congresso Brasileiro de Ensino e 4º Simpósio de Especialistas

Dados do Trabalho


Título

USO DE MEMBRANA HIDROCOLÓIDE COM ALGINATO DE CÁLCIO NO TRATAMENTO DE AUTOMUTILAÇÃO DEVIDO DOR NEUROPÁTICA

Resumo para avaliação

A dor neuropática (DN) ocorre quando há uma lesão ou disfunção do sistema nervoso. Na Medicina Veterinária ela é pouco relatada, provavelmente por não ser corretamente diagnosticada. É descrito por humanos como uma queimação, lancinante e em formigamento, e se caracteriza pela presença de déficits sensitivos (alodinia e hiperalgesia), motores e autonômicos na área comprometida. Nos animais, pode ser diagnosticada pela presença de automutilação, lambeduras compulsivas e mordiscamento no local da lesão e pouco responsiva ao tratamento convencional. Objetivou-se com o presente trabalho relatar o manejo clínico-cirúrgico de uma ferida por automutilação em um cão Australian Cattle Dog, em região dos metatarsos e metacarpos do membro pélvico esquerdo (MPE), após administração de medicamento injetável. Observou-se claudicação, perda de propriocepção, dor, lambedura, mordiscamento e automutilação dos músculos flexores digitais, com rupturas dos nervos plantares laterais e mediais. Ocorreu exposição e necrose dos ossos da articulação metatarsofalangeana e interfalangeana. Ao exame radiológico as imagens foram compatíveis com degeneração óssea, perda e ausência de falanges. Foi colhido material das feridas para cultura bacteriana, cujos resultados foram positivos para Streptococcus spp. Optou-se pelo tratamento e preservação do MPE. O paciente foi submetido a desbridamento mecânico e cirúrgico dos tecidos inviáveis e exérese dos ossos necrosados das falanges. Para o tratamento foi realizada limpeza da lesão com soro fisiológico 0,9% morno , utilizando irrigação em jato seguido por aplicação fina camada do gel autolítico com Polihexametileno Biguanida (PHMB 0,2%) (Curatec®), assepticamente. Como cobertura secundária para curativo semi-oclusivo foi utilizada a membrana hidrocolóide com Alginato de Cálcio (Curatec®) sobre a ferida, trocada a cada 48 horas. O curativo manteve-se ocluído com gaze e ataduras. O tratamento reteve a umidade, promoveu a hemostasia, absorção do exsudato, promoveu a granulação e auxiliou o desbridamento autolítico, controlando a carga bacteriana da ferida. Como tratamento do controle da dor o animal foi medicado com Gabapentina (20mg-1) e Meloxican (0,1mg-1) e para infecções suscetíveis, Rifampicina (15mg-1). Os desfechos avaliados foram redução da área, cicatrização da lesão, taxa de cicatrização, tempo e infecção. O paciente apresentou uma boa recuperação ao procedimento visto que a lesão cicatrizou completamente em 21 dias, devolvendo a função de marcha. A utilização de membranas semi-oclusivas associada a antibioticoterapia sistêmica e tópica se mostrou efetiva em feridas por automutilação. Os resultados permitiram estabelecer recomendações para o uso de PHMB e membrana hidrocolóide com alginato de cálcio no tratamento de lesões auto-infligidas.

Palavras-chave

Cicatrização de Lesões, curativos oclusivos, cão, neuralgia.

Área

Neurologia

Instituições

Instituto Federal Catarinense - Santa Catarina - Brasil

Autores

Paulo Ricardo Rocha Silva, Jonathan Enrique Calvi, Everthon Luiz Vieira, Natalia Farina, Julia Machado Silveira, Debora Cristina Olsson , Leonel Frigo