Dados do Trabalho

Título

VULVOPLASTIA PARA CORREÇÃO DE ESTENOSE DO CANAL VAGINAL PÓS CICATRIZAÇÃO POR FARMACODERMIA – RELATO DE CASO

Resumo para avaliação

Farmacodermia é o termo utilizado para definir a reação adversa a medicamentos, resultando em lesões dermatológicas que variam em relação ao tamanho, característica e gravidade. A hipersensibilidade cutânea resultante da administração de um fármaco é descrita como uma reação de rara ocorrência, que pode ocorrer após a administração através de qualquer via, tais quais, oral, parental, tópica ou nasal. Foi atendida no HOVET da UFMS, uma cadela com queixa principal de ferida extensa em região perianal e ausência de tecido vulvar. Durante anamnese, foi relatado histórico de erliquiose (Ehrlichia canis) há aproximadamente 3 meses, a qual foi atendida e tratada em outro serviço veterinário com Doxiciclina, por 28 dias (VO) e aplicação do fármaco via IM no consultório. Após 2 dias da aplicação e uso por via oral, o animal apresentou secreção, dor intensa e desprendimento cutâneo e subcutâneo extenso em região perianal e vulvar, que foi tratada pelo serviço local com curativos locais, sem resolução do caso. Ao ser admitido no HOVET, foram realizados exames complementares e o diagnóstico de complexo endometrial cístico (HEC)/Piometra, além de necrose resultante a provável farmacodermia, que por consequência, levou a um quadro de obstrução parcial do canal vaginal devido ao tecido necrótico em região vulvar. O animal foi submetido a ovariohisterectomia (OVH) e desbridamento do tecido necrótico e prescrito tratamento tópico com PHMB, Vetaglós® e ozonioterapia na ferida contaminada e antibioticoterapia. Ao retorno foi observado presença de conteúdo urinário na região de cicatrização da necrose e optou-se por uma cistostomia temporária com colocação de sonda de Foley, para espera de um tecido saudável para revisão e segundo procedimento cirúrgico. Notou-se redução dos bordos da ferida, no entanto, com a cicatrização, o paciente apresentava disúria e polaciúria, assim optou-se pelo procedimento de vulvoplastia. Observou-se que não haviam alterações anatômicas no tecido vaginal interno e que o canal estava obstruído pelo tecido de granulação formado devido à farmacodermia. O diagnóstico de farmacodermia foi realizado através do histórico e dos sinais clínicos. Essa afecção é caracterizada pela necrólise da epiderme, que leva ao seu descolamento e resulta em uma aparência semelhante à provocada por queimaduras, o que foi observado no paciente em questão. As lesões detectadas foram associadas a má cicatrização, que resultou em estrangúria, miosite urêmica e HEC/Piometra. O tratamento terapêutico e cirúrgico foram considerados satisfatórios.

Palavras-chave

Farmacodermia, HEC, Piometra, Vulvoplastia.