11º Congresso Brasileiro de Ensino e 4º Simpósio de Especialistas

Dados do Trabalho


Título

HIDRONEFROSE IATROGÊNICA EM COELHO (Oryctolagus cuniculos)

Resumo para avaliação

A hidronefrose consiste no acúmulo de urina na pelve renal devido à pressão retrógrada por obstrução do fluxo urinário e consequente dilatação da mesma com atrofia do parênquima. O presente trabalho relata um caso de nefrectomia decorrente de hidronefrose e megaureter em um coelho (O. cuniculus). O animal, uma fêmea de 7 anos, apresentava inapetência, prostração e aquesia. Após iniciar terapia de suporte, a paciente foi encaminhada para exames complementares. A ultrassonografia abdominal evidenciou o rim esquerdo com perda da definição e da arquitetura corticomedular, dilatação severa da pelve renal e ureter esquerdo com aspecto tortuoso e dilatado em toda sua extensão. O rim direito apresentava relação e junção corticomedular preservada e normoecogenicidade. Na radiografia, o rim esquerdo apresentava alta radiopacidade, com dilatação e tortuosidade do trajeto ureteral, com achados compatíveis com obstrução na porção caudal do ureter e sem indício de litíase. Após a estabilização do paciente e exames hematológicos dentro do padrão de referência, optou-se pelo procedimento de laparotomia exploratória e nefrectomia com acesso pela linha média ventral. Foi observado uma ligadura com fio mononylon na junção ureterovesical esquerda, o que ocasionava a obstrução. O procedimento e o pós cirúrgico ocorreram sem intercorrências. Este caso relata uma importante complicação iatrogênica, resultante de um procedimento de ovariohisterectomia (OVH) terapêutica realizado há mais de três anos em decorrência de uma piometrite. A OVH é uma técnica amplamente utilizada para esterilização de coelhas e, embora seja um procedimento de rotina, há riscos e complicações relatados como hemorragia, infecções, síndrome do ovário remanescente e aderências. A inclusão acidental do ureter na ligadura uterina é relatada como complicação de OVH em cadelas e gatas e é mais propensa a acontecer quando a bexiga está dilatada, o que resulta no deslocamento cranial da região do trígono e da junção ureterovesical. Cirurgiões não especializados podem ter dificuldade no procedimento em coelhas devido a particularidades da anatomia urogenital da espécie, que possui dupla cérvix uterina e mesométrio vascularizado com acentuada deposição de gordura. Em coelhos há relatos de hidronefrose por litíases, cisto ureteral e aderências, e assim como apresentado neste paciente os sinais clínicos eram inespecíficos. Nesta situação, é concebível que possa ter ocorrido um sangramento difuso, levando então a uma ligadura em massa do ligamento largo do útero, resultando na ligadura não intencional do ureter. A paciente segue em acompanhamento clínico e após seis meses da cirurgia não apresenta sinais de insuficiência renal.

Palavras-chave

nefrectomia, rim, cirurgia, pets não convencionais

Área

Animais silvestres e exóticos

Instituições

UFRGS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Thaísa Wolch Prado, Isabella Foppa Leães, Richard Eduardo Hartz Machado, Rodolfo Silva Vieira, Elisa Kipper Walter, Ana Paula Morel, Daniela Nicknich, Lívia Eichenberg Surita