Dados do Trabalho

Título

OXIGENAÇÃO EXTRACORPÓREA POR MEMBRANA PARA TRATAMENTO DE LESÃO PULMONAR SECUNDÁRIA A ESTAFILECTOMIA TOTAL

Resumo para avaliação

A oxigenação extracorpórea por membrana (ECMO) é uma terapia inovadora na medicina veterinária e pode auxiliar pacientes cujos resultados do tratamento clínico para insuficiência respiratória foram refratários. Na medicina, a ECMO foi utilizada até mesmo como uma alternativa terapêutica para pacientes severamente comprometidos pela Covid-19, obtendo resultados satisfatórios. A técnica corresponde a um circuito fechado em que o coração funciona como a bomba pressora e o sangue desoxigenado e rico em CO2 é drenado do paciente e passa por uma membrana de oxigenação artificial, na qual são realizadas as trocas gasosas. Em seguida, o sangue oxigenado retorna ao paciente, completando o circuito. O procedimento visa sustentar as exigências das trocas gasosas de um organismo em funcionamento por meio de um aparelho chamado blender ou misturador de gases, o qual permite o controle independente de O2 e CO2, até que o pulmão do paciente se recupere e consiga promover uma adequada hematose. Um cão, sem raça definida, de 11 anos, foi atendido com histórico de procedimento prévio de estafilectomia, em que todo palato mole foi removido, sem respeitar os limites anatômicos recomendados na técnica cirúrgica, ocasionando pneumonia por broncoaspiração. O animal se apresentava cianótico, com estertores pulmonares a ausculta e gravemente dispnéico. Um dos pré-requisitos para a realização da ECMO é a presença de doença pulmonar aguda e, de acordo com o histórico e sinais clínicos, foi tomada a decisão de submeter o paciente a este tratamento. O animal foi anestesiado com a indução de propofol (4mg/kg) e manutenção da anestesia total intravenosa (TIVA) com propofol (0,4mg/kg/hora). Para se manter a pressão arterial estável, foi feita a infusão com Dopamina (7mcg/kg/minuto). O desvio cardiopulmonar utilizado foi o arteriovenoso, em que a artéria carótida foi canulada, com o sangue seguindo para o oxigenador, voltando para o paciente por meio da veia jugular. Durante o procedimento, os parâmetros do animal permaneceram estáveis: frequência cardíaca (163 bpm); saturação (75 SpO2); pressão arterial sistólica (110mmHg) e diastólica (80mmHg). Mesmo após a realização da técnica e estabelecimento do paciente em ECMO, o animal veio a óbito em decorrência do agravamento da doença pulmonar. Em suma, apesar de a ECMO ser um procedimento passível de realização em pequenos animais, ainda é considerada uma técnica desafiadora e incomum na rotina de atendimento. Portanto, mais estudos são necessários para o aprimoramento do procedimento e maior acessibilidade da técnica ao se estabelecer as diretrizes basilares para a utilização da ECMO.

Palavras-chave

lesão pulmonar, hematose, broncoaspiração